Fábio Mozart escreve Cordel em homenagem ao Filme Raízes da Cura
Raízes da cura
O filme tem como tema
A figura de uma tia,
Tia Neves Oliveira
Repleta de sinergia,
Conhecedora das plantas
E da fitoterapia.
Filha de Alagoa Grande,
Na encosta da Borborema
No brejo da Paraíba
Em meio ao ecossistema,
O saber tradicional
Foi da sua vida o tema.
Na cultura do alecrim,
Hortelã e aroeira,
Arruda e erva doce,
Boldo e capim cidreira,
Tia Neves curou muita
Doença e até frieira.
Toda doença tem cura,
De asma a depressão,
Alzheimer e AVC,
Câncer, boba, hipertensão,
Nas plantas medicinais
Tem-se recuperação.
Infecções no ouvido,
Refluxo, dor de garganta,
Viroses e alergias,
Tudo tem cura na planta.
Caxumba e nó nas tripas,
Até defunto levanta.
Esse dom de Tia Neves,
De produzir a tintura,
Xarope, pomada e chá,
Com amor e com doçura,
Vem da ancestralidade,
Tá na sua pele escura.
Essa arte é tão antiga
Quanto a própria humanidade.
Toda droga que existe
Que garante a sanidade
Na indústria de remédio
Vem dessa ancestralidade.
Remédio sintetizado,
Antialérgico, antigripal,
No quadro da alopatia
Antibiótico geral,
Tem origem na floresta,
Na farmácia vegetal.
Desde a Idade da Pedra.
Foi lá que o primitivo
Primo do homem moderno
Buscou o princípio ativo
Nas florestas naturais
E aprimorou seu cultivo.
A doença é mais antiga
Do que a humanidade.
Bactérias existiam
Na primeira tempestade
Que formou nosso planeta,
Pondo a vida em atividade.
Em quatro bilhões de anos
Aprendemos a lidar
Com a medicina das plantas
E o seu dom de curar
Toda doença humana,
Sabendo manipular.
Para queda de cabelo
Ou espinhela caída,
Repelente de inseto
E tempero de comida,
Remédio contra piolho,
Tudo com erva ungida.
Contra agonia da alma,
Pra isso tem infusão.
Ansiedade, estresse,
Angústia, inquietação?
Tome extrato natural
Da Erva de São João.
Essência de assafroa
Também é muito indicado.
O chá de Valeriana,
Passiflora bem coado,
Tudo isso é medicina
Exordial do passado.
Da arte de Tia Neves
Trata o documentário
Sobre “Raízes da Cura”
E seu relato agrário.
Nesse acessível cordel
Faço aprazível sumário.
Temos a fala entendida
De Margareth Diniz,
Professora e ex-reitora
Que tomou chá de Anis
Famoso Anis-Estrelado
Que ao tema bem condiz.
A Eliane Cristina
E Manoel Valdevino,
Amigos de Tia Neves,
Confrades do seu destino,
Prestam seu depoimento,
Memorando campesino.
Geovani Jacó de Freitas,
Ativista social,
Antonio Mendes da Silva,
Mestre educacional,
E Francisco Xavier
Em confissão natural
Falam sobre Tia Neves
E sua arte da cura
Com base na sapiência
Que a humanidade apura
Em milênios de estudos
Na medicação segura.
Sobrinho de Tia Neves,
Mestre Dalmo de Oliveira
Foi quem produziu o DOC,
Levantando esta bandeira
Do remédio natural
Em terapia certeira.
Jonathan Dias na guia,
Cuidou bem da direção,
E Fabiana Veloso
Montou a pré-produção,
Sérgio Ricardo dos Santos
Faz a comunicação.
Flautista Mari Santana
Cuidou da trilha sonora
Seguindo o som do bioma,
Da fauna e da rica flora,
O mundo de Tia Neves
Que resistiu vida afora.
O ator Edilson Dias
Assina a cenografia,
Desenhou o som direto
Com a maior harmonia,
Zelou a imagem de Neves
Como se fosse sua tia.
O filme faz homenagem
A amigos e parentes
Da família Oliveira
Que por hora estão ausentes,
Mas no céu irão se ver,
Conforme confiam os crentes.
Rita Rosa e João José,
Zé Cabral de Oliveira,
O grande Martim Batista,
A Dalvanira guerreira,
Com o tio Mariano,
Todos na mesma fronteira
Onde emana leite e mel
Conforme diz a Escritura,
São lembrados neste filme
Que fala de fé e cura,
Da herança cultural,
De tudo isso se apura.
Por fim, é bom que se diga
Sobre o fluxo informativo
Do remédio vegetal,
O seu devido cultivo
E aplicação correta
Porque pode ser nocivo.
Só quem sabe indicar
Fazendo o procedimento,
Saber a nomenclatura
Conforme o conhecimento,
Usando meio seguro
Pra fazer chá ou unguento
É a pessoa instruída
Nessa manipulação
De espécies medicinais,
Com correta informação.
Não compre no raizeiro
Que não tenha formação.
Por exemplo, a quebra-pedra
Tem de três variedades,
Uma delas venenosa.
Evite fatalidades.
Muito chá equivocado
Foi causa de mortandades.
Agradeço a atenção
Por fim, prezado leitor.
Eu sou o Fábio Mozart
Sempre ao inteiro dispor,
Com cotação no mercado
Pelo correto lavor,
Criando literatura
De xarope milagreiro.
Levanto um brinde do chá
Da rama do cajueiro.
Salve a fitoterapia!
Viva o cordel brasileiro!